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Piauí, terra querida, berço de heróis!

Piauí, terra querida, berço de heróis!

No Dia do Piauí, queremos homenagear o nosso estado e o povo piauiense com poesia.

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No Dia do Piauí, queremos homenagear o nosso estado e o povo piauiense com poesia.  Em 1951, o poema Corografia do Piauí foi declamado "de cabeça" por um fazendeiro chamado coronel Quincas Sampaio, para o advogado e dentista aposentado Fenelon Castelo Branco, nascido há 93 anos em José de Freitas, quando a cidade ainda se chamava Livramento. O piauiense foi morar em Recife, mas levou consigo um poema como recordação de sua terra natal.
 
Leia abaixo o poema na íntegra:

Corografia do Piauí

I

Sempre morei venturoso
no meu amado Piauí
terra que foi dos meus pais
onde também eu nasci.
Terra bela, entre as mais belas,
e melhor, entre as melhores,
onde os males da vida,
ninguém conhece os horrores.

II

Terra bendita onde almejo
o sono eterno dormir,
na mesma cova reunir,
nossas cinzas lentamente,
conforme Deus for servido,
valendo-me do futuro
como atrás me tem valido.

III

O Piauí é joia escondida no escrínio
do norte adusto e valente
onde os homens fortes herdam
ardência de um clima quente,
onde a vida em gala ostenta,
sempre em viço exuberante,
perfumes, cantares e festas,
carícias de amor constante.

IV

As tuas filhas são meigas,
cheias de graça e beleza
como tudo quanto cria
tua excelsa natureza:
teu sol fulgente, tens prados,
bosques, rios, palmeirais,
lagos, céu, Ina, estrelas
e infindos canaubais.


V

Belas, quais são assim belas,
só na lenda os anjos são,
têm nos olhos
que nem o céu
lampejos do sol a pino
e alvos clarões do luar.

VI

Mulheres não há quem possa
cantar as graças que têm
carne cheirando à baunilha,
colo cheirando a cecém.
Lábios, meu Deus! Lábios rubros,
como a flor do bacuri,
mãos pequenas e pés pequenos
e bravezas do juriti.

VII

Colo redondo e empinado,
rijo, cheiroso e fremente,
e afinal coisas que existem
que a gente advinha e sente,
vê de longe, inveja e sonha,
como sonhamos com o céu,
mas a Deus sempre dei graças
com a mulher que me deu.

VIII

Piauí queira o destino
que no teu seio sempre eu viva,
que minha alma te adora
das tuas glórias cativas.
Celebra cheia de orgulho
teus belos rios, teus prados,
as tuas aves e teus bosques,
tuas campinas e teus gados.

IX

Teus povoados florescem
nas mais formosas ribeiras:
Amarante, Floriano,
Marruá, Tapuia e Oeiras.
Campo-Maior e Patrocínio,
Piracuruca e São João,
Piripiri e Livramento,
Picos, Valença e União.

X

Teresina, nome augusto,
tens honra de Capital,
Alto-Longar, Barras e Manga,
Regeneração e Natal.
São Raimundo, Parnaíba,
Bom Jesus e Uruçuí,
Filomena, Parnaguá,
Jaicós, São Pedro e Poti.

XI

Campos Sales e Belém,
Amarração, Buriti,
Porto Alegre, Santo Antônio,
Paulista e Itamarati,
Miguel Alves, Corrente,
Castelo - antigo Marvão,
Altos, Peixe e Jerumenha,
Boa Esperança e Missão.

XII

Rios perenes, fecundos,
cortam o teu solo bendito:
Parnaíba, São Domingos,
Canindé, Junço e Sambito.
Môxa, Longá, Itanhin.
Dois de nome Uruçuí,
Gurgéia, Berlengas e Cocos,
Marataonhan e Piauí.


XIII

Santo Antônio, Jenipapo,
São Vicente e Paraín,
Poti, Guaribas, Riachão,
Táboa, Arraial, Portões,
Boa Vista e Gameleira,
Jacaré, Piracuruca,
Cágados, Peixe e Itahueira.

XIV

A flora seus dons espalha
no teu solo, fértil, belo,
tiquiá, mirindiba, braúna,
Parco: roxo e amarelo.
Jatobá, cedro e pau-santo,
chapada e bacurizeiro,
Gonçalo-Alves e paraiba,
pau-rato, jucá e pereira.

XV

Mutamba, inharé, candeia,
sapucaia e pequizeiro.
Marmelo e burdão-de-velho,
samambaia e marmeleiro.
Pau-terra, mufumbo, angico,
mama-cachorro e aroeira,
criolizeiro e jurema,
umburana e gameleira.

XVI

Jenipapeiro e favela,
maçaranduba, angelim,
o barbatimão, faveira,
catuaba, anil, pau-marfim.
Unha-de-gato e pau-pombo,
o pau-brasil, copaíba,
capitão-de-campo e almécega,
andiroba e carnaúba.

XVII

Oiticica e sambaíba,
rompe-gibão, mulungu,
tamboril, moreira, bilrro,
juazeiro e conduru.
Mororó & angico-branco,
o pau-mocó e O tinguí
cobrem de sombra & verdura
o meu querido Piauí.

XVIII

Sua fauna, vária e soberba
como mais rica não há,
a onça e o tatu-canastra,
calango, paca e preá.
Anta, cutia € raposa,
lagartixa e o quandu,
o furão, quanti, queixada,
guaxinim e caititu

XIX

Tatu verdadeiro e peba,
tatu bola e tatuí.
A lontra e maritacaca,
quati-puro e jaboti.
No gênero tamanduá:
o bandeira e o lapixó,
sonhin, macaco e guariba,
gato-do-mato e mocó.

XX

Veado, suçuapara,
o sutinga e o capoeiro,
a campeira - a cujo macho -
o povo chama gaeiro.
Guará, mucura, preguiça,
capivara e jacaré,
caranguejeira e tiú,
camaleão e punaré.

XXI

Cavalo de sela e campo,
o bode, o burro, o cameiro,
o boi de carro e o novilho
e o gordo porco de chiqueiro.
Cachorro — amigo do homem —
do pobre: guarda e sustento,
o gato nego e ligeiro,
e o forte e rude jumento.


XXII

Tuas aves agrestes e mansas
marreco, pato, urubu,
ganso, ema e pica-pau,
mergulhão e jaburu.
O mutum e as longas garças:
brancas, rosadas e cinzentas.
Seriema e papagaio,
e as corujas agourentas.

XXIII

O periquito, o canário,
o tucano e o bem-te-vi,
sabiá, xexéu, curica,
chico preto e juriti,
inhuma, jacu,perdiz,
zabelê, corrupião,
cigano, arara e recongo,
araponga e gavião.

XXIV

Carcará, pomba-de-bando,
a asa branca e a avoante,
cancão, anum, pintassilgo,
galinha, peru e cocaz.
Coleira, bigode, rola,
guinguirra e maracanã,
jandaia, bicudo, pega,
jacupemba e aracuã.

XXXV

Teus frutos, doces, mimosos,
tão bons, mais belos não há,
melão, mangaba, caju,
três espécies de araçá.
Umbu, ingá, guabiraba,
pitomba, chicá, pequi,
abacate, melancia,
tamarindo e bacuri.

XXVI

Jaca, puça, catolé,
ameixa, banana e manga,
ameixa, e manga,
oiti, romã, gravatá,
laranja, lima e pitanga.
Ananás, coco da prata,
cacau, condessa, crioli,
canapun, junco, goiaba,
maracujá e buriti.

XXVII

Murici, olho-de-boi,
maria-preta e juá,
o marmelo, o mamão,
abacaxi e cajá.
Cajuí, bruto, totó,
jatobá, araticum,
sapoti, maça, bacaba,
o figo, a ata e tucum.

XXVIII

Entre as abelhas e maribondos,
uruçu, tataíra,
canudo, bravo, tiúba,
manduri, limão, cupira,
trombeta, inchu, manda-saia,
a moça-branca, o inchui,
o manso, o breu, o mosquito,
boca-debarro e tobi.

XXIX

Maribondo de chapéu,
grande, vermelho e valente.
Sanharó, que no cabelo,
costuma pegar na gente.
Maribondo de chocalho,
o capuchu e o surrão,
o arapuá e o caboclo
e o feio cavalo do cão.

XXX

Nos rios e lagos pululam
o manduré e a sardinha
piratinga e surubim,
bico-de-pato e branquinha.
Curimatã e mandi,
arenque, piau, salmão,
corro, traíra, pescada,
piranha, arraia e cação.


XXXI

O ar é quente, mas as aragens
quebram do sol o rigor
e noite e dia suavizam
a ferra com o seu frescor.
Terra quente, mas sadia,
sem grandes alterações,
se sucedem brandamente
do ano as quatro estações.

XXXII

Pelo inverno os rios correm
e ferozes vão transbordando
em caldal profunda e grossa,
campos e bosques regando,
e até os humildes regatos,
pela seca estoricados
o dorso empolam, soberbos,
rugindo, em rios tornados.

XXXIII

Tudo o que é seco floresce
cheio de vida e verdor
quando cai a chuva santa
benção de Nosso Senhor.
No roçado viça inhame,
maxixe, milho e feijão,
mandioca, fava, abóbora,
melancia, arroz e melão.

XXXIV

O lavrador satisfeito,
o fumo cheiroso pitando,
com a família querida
passa os dias trabalhando.
Volta a tarde para casa,
o lavrador, mulher e filhos
com jerimuns e melancias,
feijão, macaxeira e milho.

XXXV

Chega o tempo da desmancha.
range alegre o Caítitu,
cai no cocho a massa fresca
para a farinha e o beiju
e com o rodo na mão calosa,
da casa o dono contente,
sentado no forno mexe
a branca farinha olente.

XXXVI

Virando a roda sonora
a nédia rapaziada
canta alegre em desafio
em tenra e doce toada.
Uns cantam e cantando, contam,
para alguém que os vê olhando
seus amores, e nos Olhares,
santo amor lhe estão jurando.

XXXVII

Velhos Crianças, mulheres,
sentados raspam mandioca.
E a meninada da roça
as cargas gritando toca.
E na cozinha as afamadas
mourejam à dona de casa
e recendem bolos de puba
no borralho junto à brasa.

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